SATI

MAHARI

 

Mahari – deriva de duas palavras em Oriya (língua falada em Orissa), “Mahan” e “Nari”, significando dançarinas divinas.

Em meados do século VIII e IX, em alguns locais da Índia observou-se o surgimento e evolução da tradição das dançarinas celibatárias que dedicavam sua dança e música para servir às deidades dos templos. Essa tradição de dançarinas era conhecida como Devadasi, ou servas de deus.

Em Orissa, nos templos de Jagganath, Konarak, Brahmeshwar, Prasurameshwar entre outros, as Devadasis eram conhecidas pelo nome de Mahari. Essa classe de dançarinas dedicava toda uma vida à arte da dança, da música, ao estudo do sânscrito e das escrituras.

 Ocupavam posições próximas aos de sacerdotes e gozavam de um status social elevado. Eram divididas em grupos de acordo com os deveres e funções que realizavam, e o número de Mahari estava em direta proporção à riqueza e prestígio de cada templo.

Com a reforma Vaishnava inspirada por Chaitanya, o santo de Bengala, a dança e música tornam-se um importante veículo para a disseminação da nova forma de adoração neo-Vaishnava fora dos templos (séc. XVI). Como não eram permitidas apresentações das Mahari fora dos templos, os Raj-gurus começam a ensinar a dança ritual para meninos acrobatas e ginastas que se apresentavam em praças públicas. Este grupo de dançarinos passa a ser conhecido pelo nome de Gotipua.

A classe das Mahari sofreu vários colapsos, entre eles as invasões estrangeiras (séc. XVII e XVIII). Com os templos saqueados e sem recursos devido à perda do patrocínio proveniente dos reis, as Mahari foram forçadas a uma vida de pobreza, miséria e em alguns casos até de prostituição. A tradição das devadasis dos templos de Orissa findou no séc. XX.

GOTIPUA

 

Um evento extremamente importante para a evolução da dança Odissi foi o estabelecimento do sistema Gotipua, onde meninos eram instruídos pelos Rajgurus na dança e canto das Mahari. Algumas evidências indicam que o sistema Gotipua teve sua origem no reino de Pratapa Rudradeva (séc.XIV e XV) e ganhou popularidade no período de invasão muçulmana devido à rigidez do sistema Purdha, que mantinha as mulheres reclusas.

 

Esse era o cenário perfeito para o movimento neo-Vaishnava que ganhava força no estado de Orissa. Muito provavelmente os Vaishnavas encorajaram a adoração ao deus Vishnu, de acordo com o culto Sakhi Bhava, e introduziram o costume das danças dos templos apresentadas por meninos vestidos como meninas e não por mulheres, como era o costume. Nesse contexto, tanto a dança quanto a música do estilo Odissi se tornaram o veículo ideal para a disseminação da poesia devocional que

refletia a reforma do culto Vaishnava. Uma das grandes contribuições da tradição Gotipua foi a visibilidade que as canções devocionais à Radha e Krishna obtiveram em todo o estado de Orissa.

A dança dos Gotipuas é sem dúvida alguma a precursora da atual forma da dança Odissi, e mantém sua própria identidade no perfil das artes perfomáticas de Orissa. Ainda é possível encontrar dançarinos Gotipuas em remotas vilas no interior de Orissa. Muitos dos atuais gurus do estilo Odissi foram em sua juventude dançarinos Gotipuas.

TEMPLOS